Matéria publicada no Jornal O Diário (Campos-RJ)

 01 de Março de 2016 | 19h05 - Atualizado em 01/03/2016 19h09

Ronaldo Junior lança livro na Lapa carioca

Membro da Academia Pedralva e mais novo colaborador de O Diário
Ronaldo Júnior lança livro na Lapa carioca
Ronaldo já buscou a métrica, mas hoje aposta em uma outra estética para seus textos, como em "Dobradura de Poema" (abaixo, à esquerda) (foto: Isaias Fernandes)

Patrícia Bueno
O estudante de Direito Ronaldo Henrique Barbosa Junior tem um perfil um tanto quanto diferente do de muitos rapazes de sua idade. O carioca radicado em Campos que, aos 19 anos, já tem até cadeira em uma academia de letras, acerta os últimos detalhes para o lançamento do seu primeiro livro, "O Verso sou Eu - Antologia de Sentimentos". A obra traz uma reunião de 60 poemas de sua autoria - premiados e inéditos - e  será lançada pela editora carioca Multifoco, amanhã, 3 de março, às 18h, no Multifoco Bistrô, na Lapa-RJ.

O interesse pela literatura começou cedo na vida de Ronaldo. Quando criança, trocava as lojas de brinquedo por uma visita a alguma livraria ou banca de jornal. "Me sentia bem naqueles ambientes", comenta o escritor, que esteve na última semana na Redação de O Diário, jornal onde - a partir da próxima quinta-feira - passa a integrar o time de colaboradores, escrevendo um artigo semanalmente.

A poesia demorou mais um pouquinho a conquistar o autor e, diga-se de passagem - quando chegou (sob a sedução dos versos do Poetinha), chegou para ficar. "Na época em que cursava o Ensino Médio no Instituto Federal Fluminense - IFF -,  uma professora falava muito em Vinícius de Moraes. Isso fez despertar minha curiosidade", diz, relembrando o início de um flerte com o gênero que - mais tarde - o impulsionaria a escrever "O verso sou Eu".  

Naquela época, a coragem para escrever veio também de outro professor do IFF, que classificou o trabalho que fez sobre o tema  "Fé e Razão" como "o texto mais filosófico da sala". Aí vieram os inúmeros concursos em que Ronaldo se destacou como promessa da literatura, tendo seus textos publicados em antologias e abrindo terreno para sua chegada ao mercado editorial. Um desses foi o Prêmio UFF de Literatura, em 2013. "Fico sabendo desses concursos pela Internet. Nesse, da UFF, fiquei muito surpreso, pois estava entre doutores", comenta.

Mais tarde, sem muita intimidade com a métrica, Ronaldo foi seduzido pelo neoconcretismo do mestre Ferreira Gullar. "Foi aí que conheci a liberdade que pode haver numa criação", diz o autor, que começou a dar formas aos textos, literalmente falando, e surpreende o leitor com poemas cujas letras dispostas estrategicamente sobre a página, resultam em formas diversas como xícaras, cubos ou origamis. Um desses trabalhos foi destaque em um concurso no Rio Grande do Sul. 

O escritor chama de "mais madura" esta fase do seu trabalho e seu primeiro livro mostra suas duas épocas. "Acho importante que o leitor possa entender a transição até chegar a essa quebra da estética, embora ache que a forma de escrever vai estar sempre em mutação", observa Ronaldo, que tem textos seus em dezenas de livros e revistas virtuais e físicas, inclusive um de seus textos foi parar em uma revista de Portugal.

Tecnologia - É através de um aplicativo de celular que Ronaldo Júnior dá asas à inspiração, podendo escrever quando e onde quiser. "O poema é um impulso e o celular ajuda bastante neste sentido", comenta o jovem escritor, que já recebeu convites para lançar sua obra em Campos e cujo ingresso na Academia Pedralva Letras e Artes aconteceu em 2015, na cadeira 14, que um dia pertenceu a Pedro Manhães, um dos fundadores. 

Entre leituras de Drummond, Leminski, Manuel Bandeira e Olavo Bilac, o rapaz de voz pausada e gestos elegantes busca registrar as coisas de seu tempo e já tem planos de escrever contos sob uma perspectiva histórica. Formado em Mecânica (quem diria?) e cursando o 5º período de Direito no Uniflu,  o caçulinha da Academia de Letras costuma dizer que poemas são "fragmentos da alma traduzidos em textos".  E é a alma que hoje passeia livremente sobre as páginas que um dia habitaram os sonhos do jovem poeta.

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